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Cidades resilientes e inclusivas sob a ótica do gestor

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O ex prefeito de Maringá Silvio Barros e as múltiplas experiências como gestor do futuro

Não há cidadão que não sonhe com uma cidade melhor no Brasil. Desde serviços públicos essenciais até aqueles considerados menos importantes para o dia a dia, a população sempre espera um avanço a cada troca de gestão – o que infelizmente nem sempre acontece. Cidades inteligentes precisam ser cidades participativas, inclusivas e resilientes. Sem esses pilares fundamentais não alcançam o título. É o prefeito que toma a decisão de incorporar uma gestão que modela a cidade como tal. Portanto, é preciso que os objetivos de seu governo estejam claramente definidos e que haja um grupo de cidadãos com engajamento suficiente para alcançá-los, colaborando ativamente para essa missão.

Apresentando os conceitos básicos da disciplina, o professor Silvio Barros deu início ao primeiro módulo da terceira turma de pós-graduação do curso Smart City Expert, onde mostrou exemplos fantásticos de tecnologia aplicados, sobretudo, à saúde, à educação e à segurança – as áreas mais discutidas ao longo das aulas. Importante ressaltar que o tema foi exposto sob a ótica do gestor. E por que é relevante fazer essa observação? Silvio Barros foi prefeito da cidade de Maringá, no Paraná. Durante o tempo que passou a frente da prefeitura, entre os anos de 2005 a 2013, recebeu prêmio como de o Título Nacional de Prefeito Amigo da Criança, Prefeito Inovador e Prefeito empreendedor do Sebrae. Durante sua gestão, Maringá obteve o 1º Lugar em Melhor Gestão Fiscal no Paraná e a 8ª colocação como Melhor Gestão Fiscal do Brasil. Não poderíamos ter melhor professor para compartilhar experiências adquiridas na prática, com louvor e com a crença comprovada de que a gestão participativa e a governança colaborativa são chaves para o sucesso empreendedor.

Embora a implementação da tecnologia nos serviços públicos já seja algo praticado em diversos municípios do Brasil, foi a crise sanitária causada pela pandemia que mostrou a urgência de aceleração desse processo. Os desdobramentos políticos e econômicos causados pela Covid impactaram gravemente a saúde e a educação do Brasil, orientando novas formas das instituições públicas e privadas atenderem seus públicos.

Contudo, apesar da evidente urgência de adoção de novas estratégias, a composição das prefeituras e respectivos braços técnicos, majoritariamente, não tem um quadro de funcionários capacitados para lidar com as circunstâncias que se impõem. Essas lacunas devem-se não apenas às questões financeiras como também aos processos de gestão excessivamente burocráticos e desorganizados em âmbito público. Durante as aulas ministradas no seu módulo, Silvio insistiu na questão do “engajamento ativo” na participação da sociedade para alterar essa dinâmica, pois há diversos casos onde a participação cidadã não foi suficiente para alavancar as mudanças desejadas. Óbvio destacar que a gestão “governo-sociedade” precisa ocorrer numa via de mão dupla, pois essa receptividade dos gestores é o que faz a balança da relação ficar equilibrada.

Aqui vale mencionar, fazendo um aparte, que existem organizações atuando junto aos governos e desenvolvendo trabalhos significativos nessa perspectiva. Se o leitor tiver a curiosidade de se aprofundar vale buscar a excelente publicação do ITDP Brasil elaborada no ano 2020, “Parceria para a gestão de espaços públicos”, que mostra de forma exemplar como se dá esse processo no caso de projetos que envolvem espaços coletivos nas cidades.

No Brasil ainda precisamos de muitos mecanismos que ajudem a desenvolver uma cultura de participação e que fortaleçam a criação de lideranças e redes de ação locais. Um trabalho árduo que está diretamente ligado à qualidade da educação formal da população. “A transparência envolve o direito dos cidadãos de serem incluídos na formulação de políticas públicas desde sua fase inicial e terem acesso contínuo às informações sobre o andamento dos projetos e a utilização dos recursos” (ITDP, 2020).

A Rede Brasileira de Cidades Humanas, Inteligentes, Criativas e Sustentáveis, as CHICS

Ainda no âmbito da participação cidadã, Silvio apresentou o conceito das CHICS. A sigla contém palavras que tornam explícitas sua essência: cidades humanas e criativas. “Antes de pensar nos softwares e hardwares que tornam uma cidade inteligente, é preciso entender que ela deve ser, acima de tudo, humana. Ou seja, tudo deve ser feito em função dos seus habitantes, da gente que vive nela”.

As CHICS utilizam as tecnologias da informação e da comunicação (TIC), a Internet das Coisas (IoT), a Inteligência Artificial (IA) e a Blockchain (Bcn) de forma integrada, como meio para alcançar eficiência na gestão, englobando aspectos criativos, sustentáveis e, como dito antes, humanos. Uma CHICS se organiza, planeja e executa ações estabelecendo sistemas entre governo, empresas, academia, terceiro setor e sociedade civil. Entre todos há interação coletiva utilizando a criatividade social, econômica, cultural e política, tendo como finalidade a melhora da qualidade de vida e o aumento da FIB (Felicidade Interna Bruta) de sua população.

Os números atuais são expressivos e indicam que a sociedade trilha rumo a um avanço para consolidação dessa rede gigante. Em 2016 foi criada a Frente Parlamentar Mista em Apoio às CHICS no Congresso Nacional. No ano seguinte, depois de uma boa ampliação nacional e com a entrada de pesquisadores de universidades brasileira e entidades da sociedade civil, foi criado o Instituto Brasileiro de Cidades Humanas, Inteligentes, Criativas e Sustentáveis (IBRACHICS) – instituição que faz parte do Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia da Presidência da República e tem atuado também junto ao Governo Federal, nas políticas nacionais para o desenvolvimento de cidades humanas, inteligentes, criativas e sustentáveis.

Hoje já são mais de 600 filiados no Brasil e essa adesão é crucial para as políticas públicas que ditam os rumos da ciência e da pesquisa. Institutos como esse são órgãos vitais para se posicionarem frente ao que os ministérios estabelecem como metas em termos de investimento em tecnologia, infraestrutura e desenvolvimento.

Dinamizando o curso com exemplos de sucesso

Apresentar casos concretos da aplicação da tecnologia em gestões é um plus do curso. Dessa forma tivemos a oportunidade de conhecer experiências de trabalho nas áreas da saúde, segurança e educação em contextos diversos e atuais. São casos tanto de gestores como de empresários que hoje estão conectados com o que há de mais moderno em suas áreas.

Destacaria a valiosíssima a participação de Beatriz Nadas, secretária de Saúde de Curitiba, Beatriz Nadas que contou sobre os desafios enfrentados com a implementação do aplicativo Saúde Já Curitiba e o impacto que tem na medicina preventiva do município. Ainda na área da saúde, a empresa nacional Csanmek Technology abordou projetos tecnológicos de ambientes inteligentes com tecnologias 3D, interação e compartilhamento de informações em tempo real, mostrando os benefícios para formação dos profissionais e no atendimento aos pacientes.

Neste módulo estiveram também Jean Sigel, debatendo uma visão diferenciada sobre metodologias da educação e o trabalho da sua Escola de Criatividade. Conhecemos o trabalho do CTHub de São Paulo, que é um HUB de Networking e Geração de Conteúdo sobre Segurança e Tecnologia da América Latina. E experimentamos um pouco do mundo do metaverso com Gustavo Melles, que mostrou como empresas já estão utilizando esse meio para diversas finalidades.

Entre todos eles uma palavra em comum: inovação. Não há mais como vislumbrar metas positivas para ser uma cidade inteligente sem investimentos significativos em inovação. E, como reforçado diversas vezes, inovação engloba a ação de pessoas dispostas a trabalhar para mudar, alavancar e manter melhorias nos lugares onde vivem.

O caso do Observatório Social de Maringá é exemplo para o Brasil

Silvio Barros fechou o módulo compartilhando a experiência de Maringá – que sem dúvida serve como exemplo de participação social ativa. Em 2003, um grupo da sociedade civil sem filiação político partidária resolveu formou uma ONG, a Sociedade Eticamente Voluntária (SER), oficialmente lançada em 2004. Seu principal objetivo é destacar a importância social e econômica dos impostos e a transparência dos gastos públicos. A posterior informatização da prefeitura garantiu aos contribuintes essa transparência. Investimentos em tecnologia de informação possibilitaram economia nas compras públicas por meio de pregões eletrônicos e a construção de uma sala de licitações resultaram em maior credibilidade às compras realizadas pelos gestores.

Em 2006, a SER criou o Observatório Social de Maringá com o objetivo de trabalhar pela correta aplicação do dinheiro público. Sua criação foi de indiscutível importância para a continuidade do monitoramento e controle social ao longo dos anos. Um belíssimo caso de articulação cidadã que mostra a importância da gestão baseada em dados e no fortalecimento da transparência. É possível sonhar e articular. O professor Silvio nos deixou essa esperança.

Thatiana Murillo é jornalista e professora de ensino fundamental, possui 14 anos de experiência como professora de escola pública lecionando espanhol e experiência anterior como professora de História e pesquisadora bolsista do CNPq na Fundação Getúlio Vargas. É cofundadora do movimento Caminha Rio e em 2021 passou a integrar o Conselho da Cidade do Rio de Janeiro e o Observatório das Políticas Transversais de Mobilidade Urbana Sustentável da SMTR (Biênio 2021/23).

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iCities - The Smart Cities Hub

O iCities – The Smart Cities Hub é uma empresa pioneira no Brasil, hub de negócios em cidades inteligentes. Fundada em 2011, atualmente promove uma jornada em busca de beneficiar as Cidades Inteligentes, na qual conecta as empresas e governos ao conhecimento e aos negócios nessa temática. Dispõe da representação exclusiva da Fira Barcelona no Brasil, que possibilita a organização do Smart City Expo Curitiba, maior evento do setor no Brasil, entre outras iniciativas de fomento ao ecossistema no país, como o iCities Academy – que inclui a formação executiva Smart City Expert – e o iCities Intelligence, que fomenta negócios e soluções em todo país.