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Quais elementos são importantes para você em uma cidade?

O que te atrai em uma cidade? O que faz diferença na hora de escolher onde morar ou visitar? Em Paris, uma lembrança marcante inspirou reflexões sobre mobilidade e conexão urbana. Hoje, com as Olimpíadas de 2024, Paris investe em ciclovias e transporte sustentável, sendo um exemplo para cidades que buscam melhorar a qualidade de vida e a mobilidade de seus moradores e turistas.
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A imagem retrata turistas se deslocando entre os locais olímpicos em Paris utilizando opções de transporte ambientalmente sustentáveis, como patinetes elétricos e bicicletas e. Essa é uma abordagem de turismo de baixo carbono.

O que te atrai em uma cidade? O que faz diferença na hora de escolher onde vai morar ou viajar?

Com as Olimpíadas de Paris em foco, me recordo da primeira vez que estive lá, uma adolescente com seus meros 16 anos, preocupada apenas em estudar e conhecer mais sobre a cidade, onde tudo era novo, a cidade, idioma, cultura, clima, escola e pessoas.

Lembro como se fosse ontem de um fato que me marcou logo em um dos cruzamentos do Arco do Triunfo, e me marca até hoje. Vi um homem de terno e gravata, se locomovendo de patinete logo cedinho, provavelmente indo ao trabalho.

Esse fato me marcou profundamente, pois em meio à cidade de Paris, um homem andando de patinete como meio de transporte, que na minha realidade, não era transporte, e sim, brinquedo. Até eu brincava com um quando era criança e esse mesmo patinete, meu irmão brincou depois que eu fiquei mais velha.

Pois bem. Isso me deixou com uma mistura de sentimentos, um pouco de estranhamento, um pouco de novidade e curiosidade em por que aquele homem engravatado estava indo ao trabalho de patinete. E isso faz mais de 10 anos.

Comecei a pensar a respeito no caminho da escola: e se meus pais fossem para o trabalho de patinete? Bem, eu tinha acabado de ver um homem de terno, mas e se fosse uma pessoa toda de branco indo trabalhar no hospital? Será que ela se sujaria? Será que afetaria o seu tempo de exercício? Será que ela se sentiria segura também? E se eu fosse de patinete para a escola? Aposto que seria mais divertido do que ir de carro.

Alguns anos depois, quando estava no meu segundo ano da faculdade de arquitetura e urbanismo, ano em que eu comecei a ter aulas sobre urbanismo e me encantei com tanto, em como podemos, de fato, pensar na cidade e para a cidade, como podemos sim transformar espaços e vivências.

Comecei a estudar mais sobre diversas cidades e Paris aparece novamente no meu radar. Aprendo mais sobre a sua formação e transformação e logo me recordo do fato do homem engravatado se locomovendo com um patinete pelas ruas há alguns anos antes, e assim começo a pensar sobre novamente.

Agora, com um pouco mais de vivência e conhecimento técnico, penso no por que aquele homem engravatado optou em se locomover para o trabalho de patinete. Talvez fosse para economizar com o ticket de ônibus ou do metrô, ou talvez porque ele tenha um bom espaço próprio destinado para andar, ou até porque gostasse muito de andar de patinete e o remetesse a algum momento marcante e especial.

Quando penso sobre esse fato, nos dias de hoje, como arquiteta e urbanista, especialista em cidades inteligentes, tenho uma visão e percepção mais clara sobre o assunto. Com certeza, naquela época, há mais de dez anos, o homem engravatado indo para o trabalho de patinete optou por esse meio de transporte porque, dentro da sua realidade, funcionava e fazia sentido. Ele provavelmente morava próximo ao seu trabalho, ele provavelmente tinha outra mentalidade, ele provavelmente já tinha o costume de caminhar pela cidade, ele provavelmente já tinha outra percepção da cidade e ele provavelmente já tinha outra vivência dela.

A cidade já oferecia e continua oferecendo a ele e a tantos outros, espaços sinalizados e seguros para optar por um transporte alternativo, o qual não polui, é amigo do meio ambiente, impacta diretamente no custo e ainda oferece uma nova experiência, a qual deveria ser cada dia mais comum: um novo relacionamento com a cidade, a sensação de liberdade, conexão e pertencimento.

Concluo essa viagem no tempo pessoal com algumas curiosidades sobre as iniciativas que a cidade de Paris tem feito, sendo sede das Olimpíadas de 2024. A bicicleta tem ultrapassado o carro como meio de transporte, uma mudança significativa em como os parisienses optam por se locomover na cidade e vivê-la sob o olhar de cima de uma bicicleta.

Essa mudança se dá também pelas iniciativas da prefeitura com investimentos em infraestrutura de ciclovias, com espaços próprios e mais seguros. Houve, de fato, um maior incentivo tanto para a população como para os turistas, principalmente durante as Olimpíadas, incentivando o transporte sustentável pela cidade e auxiliando na redução da emissão de gases poluentes.

Acredito que essas iniciativas da cidade de Paris possam servir de exemplo e inspiração para outras cidades que visam diminuir os problemas de mobilidade urbana em seus territórios, oferecendo novas políticas públicas e, de fato, oferecendo mais qualidade de vida para os seus moradores e turistas, se tornando exemplo para outras cidades que também buscam resolver problemas com a mobilidade urbana em seus territórios.

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Ana Clara Balieiro

Arquiteta e Urbanista com foco em Smart City, sendo facilitadora para a gestão pública com a gestão privada. Hoje faço parte da equipe de Comunicação, trazendo Conteúdos Técnicos e Relacionamentos Estratégicos em Cidades Inteligentes do iCities - The Smart Cities Hub. Atuei na equipe de curadoria do Smart City Expo Curitiba, o segundo maior evento do mundo e o maior evento de cidades inteligentes da América Latina, também pelo iCities - The Smart Cities Hub. Meu trabalho é voltado a implementar cidades com mais qualidade de vida, mais humanas, sensoriais, colaborativas e inovadoras, explorando as técnicas de psicoarquitetura e rapport para transformar as cidades, mantendo suas características e cultura. Tenho experiência no desenvolvimento de projetos arquitetônicos e de interiores, de empreendimentos comerciais e residenciais, os quais foram utilizadas técnicas voltadas para a arquitetura sensorial e de psicoarquitetura, explorando todas as necessidades e características de cada cliente, de forma artesanal, personalizada e única.