Fonte: Site da Prefeitura de Curitiba – Calçadão da rua XV faz 50 anos.
Neste artigo, convido você a olhar a quadra onde mora. Como você se sente nela?
Agora, com um olhar mais atento, olhe-a novamente. Como são as calçadas? Elas são confortáveis e espaçosas? Existem árvores? Elas proporcionam sombra? A quantidade de carros que passa é alta? Sua quadra é predominantemente residencial ou há comércios por lá? Há mais pedestres do que carros? Existem espaços com vegetação? E quando chove, como é? Você consegue escutar o canto dos pássaros? O cheiro é agradável? Ela é bem iluminada? Você se sente seguro?
Muitas vezes, na correria do dia a dia, não conseguimos perceber esses detalhes da cidade, mas eles impactam profundamente a nossa experiência urbana, especialmente nos aspectos sensoriais e emocionais.
Pensando nisso, decidi realizar uma caminhada pelo centro de Curitiba, começando pela Rua XV de Novembro, a primeira rua criada exclusivamente para pedestres. Ali, o calçadão nos convida a desacelerar e observar o entorno. As fachadas históricas estão bem preservadas, mas também vejo os edifícios mais antigos, que aguardam por revitalização. A poucos passos, o som dos músicos de rua mistura-se com as conversas dos trabalhadores e o barulho dos ônibus e carros que cruzam a região.
O tato se manifesta a cada passo: o petit pavé sob os pés, alguns soltos, as calçadas com pavimentação imperfeita e mais estreitas, o toque frio dos corrimãos de metal nos pontos de ônibus e a madeira de alguns bancos espalhados. No ar, o cheiro das flores mistura-se com o aroma de café vindo das cafeterias, enquanto a fumaça dos escapamentos traz um contraste forte. Na feirinha da Osório e do Largo da Ordem, experimentamos gastronomia de diferentes nacionalidades, mas também vemos alimentos sendo vendidos diretamente do produtor, incentivando uma alimentação mais saudável e nutritiva. E, ao mesmo tempo, nos perguntamos: como pode tanta gente estar aproveitando tudo isso enquanto, não tão longe dali, outras pessoas passam fome?
A cidade nos envolve completamente e, ao prestar atenção em cada sentido, percebemos como ela nos impacta de maneiras sutis, mas profundas. O contraste entre o planejamento urbano e os desafios que ele enfrenta é evidente a cada esquina, e entendemos cada vez mais que todos nós temos um papel fundamental na criação de espaços melhores nas cidades.
É inspirador saber que, em Curitiba, existem projetos da iniciativa pública que buscam revitalizar o centro da cidade, além de parcerias público-privadas (PPP’s) que também têm olhado para essas questões. O futuro da cidade está sendo moldado por essas discussões, e me entusiasmo em saber que essas questões serão debatidas no Smart City Expo Curitiba, que ocorrerá nos dias 25, 26 e 27 de março, na Ligga Arena. Lá, profissionais, autoridades e cidadãos poderão compartilhar ideias e buscar soluções para um futuro mais sustentável, inclusivo e inteligente para as nossas cidades.
Finalizo com uma frase inspiradora de Jan Gehl: “Os espaços devem ser vivos, seguros, sustentáveis, saudáveis, e a paisagem urbana precisa ser pensada através dos 5 sentidos humanos e experimentada na velocidade de um passeio a pé, e não na de um automóvel, ônibus ou trem.”