O mercado de soluções pensadas para as cidades do futuro está bastante aquecido, apesar da desaceleração da economia, naturalmente focando em repostas rápidas e efetivas à pandemia da Covid-19, em que a correta identificação e planejamento de ações se tornam ainda mais importantes.
Um desses conceitos em alta é o da interoperabilidade da saúde, a capacidade de diversos sistemas trabalharem juntos, com a tão necessária integração de dados, mas que ainda esbarra na eficiência dos processos administrativos e na cultura de compartilhamento das informações. Produzimos milhares de dados diariamente, por meio de inúmeros aplicativos, e todas essas informações poderiam ajudar em respostas mais rápidas em um cenário de pandemia como a que estamos enfrentando.
Outra grande barreira que também há de ser quebrada é a troca de informações entre o setor público e privado, que avança a passos lentos e que só deve progredir, de fato, com a Lei Geral de Proteção de Dados – que já entrou em vigor.
Mais conectividade
Impossível também falar de cidades inteligentes sem falar de conectividade e, com isso, falar em 5G, rede com baixa latência que entregará dados de um ponto a outro em uma velocidade surpreendente. Mais do que somente uma questão de velocidade, o 5G permitirá, de fato, tecnologias já existentes como a telemedicina, o carro autônomo e o controle, através do sensoriamento de milhares de objetos, as chamadas “coisas” quando falamos da internet das coisas.
O 5G no Brasil está à espera de um leilão da rede, que deve ser o maior da história da Anatel, no qual as empresas, para poderem participar, também precisam se comprometer com investimento de infraestrutura.
É preciso destacar também o agronegócio e sua busca por conectividade: há no país várias ações promovendo uma maior digitalização das atividades no campo. Enquanto falamos de 5G para as cidades, no campo o problema é bem maior: estima-se que cerca de 20% das pessoas não possuem conexão, segundo o IBGE.
A aplicação de tecnologia no ambiente rural pode trazer inúmeros benefícios aos produtores das diversas cadeias produtivas, habilitando aplicações que englobam desde o monitoramento das condições climáticas, do crescimento da plantação e do desempenho das máquinas agrícolas até o acompanhamento detalhado da saúde de animais.
A partir de um ambiente conectado, tecnologias exponenciais como a já citada Internet das Coisas, Inteligência Artificial e Blockchain trazem grande potencial de ganhos de eficiência e produtividade. Os dados em tempo real agilizam a tomada de decisão e melhoram o controle, a previsibilidade, a segurança e a qualidade, aumentando a competitividade dos produtos agropecuários brasileiros no cenário internacional.
Funcionalidades e evoluções
As funcionalidades mais implantadas estão nas áreas de iluminação pública e telegestão, rede de dados, sistemas de apoio à segurança pública, mobilidade urbana, gestão de resíduos e plataformas de gestão pública e de atendimento ao cidadão (e-gov).
Na maioria das vezes, a implementação de soluções para cidade inteligente começa pela iluminação pública inteligente que, além de ser mais eficiente, com lâmpadas LED e sistemas de dimerização, torna possível o aproveitamento da estrutura já instalada, do poste, para implementação de sensores que auxiliem na gestão de outras soluções: segurança, mobilidade e até qualidade do ar.
Fazendo uma analogia, o poste funciona como um smartphone, só que ao invés de baixarmos aplicativos, no poste se instalam determinados sensores que vão servir para diversas soluções.
Outra solução, por exemplo, é uma evolução do chamado Canal 156, a tradicional “ouvidoria” da prefeitura em cidades como Curitiba, que agora está mais prática e usual, integrando diferentes funções e se tornando um grande provedor de dados para os municípios que queiram estar um passo à frente quando se fala em Cidades Inteligentes.
Difusão do tema
O iCities tem atuado com Cidades Inteligentes desde 2012, com a disseminação do tema no Brasil. Impossível avançarmos na implementação das soluções antes que se entenda a real importância desse tema. Cidades Inteligentes não são um modismo, e sim uma tendência para que as cidades sobrevivam aos grandes desafios enfrentados.
Para ajudar a construir essa nova realidade, a área de projetos do iCities realiza diagnósticos para municípios que queiram avançar no tema e implementar consultorias com metodologias ágeis. É o caso do chamado “Sprint Urbano”, que visa o melhor direcionamento das soluções a serem implementadas. Muitas dessas soluções já existem e estão ao alcance da maioria das cidades, basta interesse do poder público e conscientização sobre suas inúmeras vantagens para a sociedade.
*Caio Castro é sócio-diretor e diretor comercial do iCities, empresa que organiza a edição brasileira do maior evento de cidades inteligentes do mundo, o Smart City Expo Curitiba, entre outras iniciativas de fomento ao ecossistema de smart cities no Brasil.